Histerectomia descarta material rico em células tronco



Cientistas brasileiros afirmam que trompas descartadas em histerectomias podem se tornar grandes fontes de células tronco. A descoberta do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), publicada no The Journal of Translational Medicine, mostra que as trompas são uma grande fonte de células imaturas, com potencial de se tornarem uma variedade de tecidos do corpo humano, como músculos e ossos.

A descoberta ainda oferece uma outra opção "ética" de criar estas células, sem o uso de embriões, para o tratamento de doenças como a artrite.

Especialistas já demonstraram que é viável obter células-tronco de cordão umbilical, sangue menstrual, dentes e gordura. O novo estudo sugere agora que as trompas descartadas podem ser adicionadas à lista.

Uma vez coletadas, os cientistas são capazes de multiplicar e direcionar as células para se tornarem músculos, gorduras, cartilagens e ossos. Como estas células adultas são capazes de substituir células danificadas nas trompas, os pesquisadores prevêem que elas podem ser úteis para o entendimento e o tratamento de problemas de infertilidade, além de terem grande aplicação na medicina regenerativa. Mesmo assim, ainda será necessário muito tempo de estudo antes que a técnica esteja disponível para uso em pacientes.

O especialista Stephen Minger, do Kings College of London, diz que "esta é uma outra fonte promissora para aumentar a lista dos chamadas fontes 'éticas' de células-tronco". Mas ele destaca que medula óssea e gordura são fontes mais acessíveis e menos invasivas.

Para Josephine Quintavalle, membro da Comment on Reproductive Ethics, "essas células trazem esperança para os tratamentos de reparo de trompas danificadas ou doentes, que são sempre as maiores causas de infertilidade feminina".